segunda-feira, 25 de junho de 2007

Expectativa

A flor do amor que colho agora é tua,botão agreste, vaso de perfume.Como o teu corpo belo, ele resumea rosa rubra, meiga, doce e nua!Ao teu desejo, empresto o meu costumede venerar-te o porte pelas ruas,sabendo que do orgulho não recuas,mas ciente que és mulher sem azedume!Prezo-te mais que tudo e não te esqueço;vives dentro de mim como um segredo;no teu amor, existo a transcender.A esperar-te ansioso permaneço,com a flor hoje colhida no degredo,para por cobro, enfim, ao meu sofrer!

sábado, 23 de junho de 2007

O Gato Branco

Encontrei na calçada à noite, exaustoe abandonado, um lindo gato branco!O coitado miava à luz da lua,talvez sentindo fome, sede e frio.Agora ronca e dorme a sono solto,sobre pelego fofo, seu presente,depois de tomar banho de água quentee após jantar um peixe e tomar leite.Coração explodindo de euforia,ao ronronar sem freio, em novo lar,ei-lo modelo nu às pinceladas!Como se vê da tela que o retrata,o felino está gordo e bem feliz,no ateliê da artista que o acolheu!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Raros Encontros

Quero a emoção dos beijos escondidos,chantagem viva, rogo sem limites,ao lume da lascívia traiçoeirapersuadindo a mulher que ainda resiste.Acolho o titubeio da incerteza,mudez e vozerio simultâneo,nos rápidos encontros permitidos,à luz da vela-amor indefinida.Há montanhas de dúvidas perversasafugentando a erótica impulsãodo desejo voraz e clandestino.Entretanto, não quero que se esvaiamesses raros encontros do prazer,junto ao corpo sensual que me alucina.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Senhora da Emoção

Penetro o norte augusto do teu passo,
sinto as águas profundas, misteriosas,
margeadas de florestas segredosas,
onde guardas teu ninho e teu regaço.

Na solidão da noite envolta em paz,
vejo teu rosto ao vento tropical,
a receber a essência estrutural
que brota dos processos naturais.

Teu corpo veludoso me emudece,
teus ais vibram nos veios das magias,
rendendo o assaz vigor das impulsões.

Voyeur, nesta aventura que ensandece,
sob o calor das minhas rebeldias,
és tu dona das minhas emoções!

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Pecados

Soletrarei à luz dos teus pecados,- pois és também arguta pecadora -,aqueles da luxúria redentorae os que apenas pensei, mas são lembrados.E ao revelar-te tudo o que a alma fora,no aventurar-se além do sonho alado,certificar-te-ás que o aprendizadorendeu-me alma lasciva encantadora!Soletrarás, após, os teus pecados,à sombra dos que enfim te confessei,sem te esconder a mínima faceta!Ambos, então, espíritos curados,dar-nos-emos ao beijo que sonhei,rumo ao maior pecado do planeta!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Tua Boca

Tua boca é verbo forte, belo e intenso;é verso sem medida; é canto nu;é abismo projetando à imensidãoo gemido apertado em línguas tensas.Tua boca é a primavera do desejo,que esparge o olor maduro das florinhas,quando o corpo inteiriço se habilitaao frêmito dos êxtases sem freios.Tua boca se transforma em precipício,quando tomo teu rosto em minhas mãose mergulho nas chamas dos teus olhos.Tua boca é a fonte, o início dos sonetos,onde deflagro as ânsias da libido,em busca do tremor dos lábios teus.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Saudade

Ardência incontida percorre meu corpo,ao tempo em que sinto um aperto no peito.Voltar! Que desejo impossível este verboroclama aos sentidos tomados de dor!As horas findaram; os beijos e abraçossão sombras de arquivo de antigos desejos.Ah, quanto te quis nesses dias vazios!Ah, como sofri sem teu cheiro e tua voz!Orgulho sem freios travou meus impulsos,enquanto os meus dias ao pranto cederam,minando a existência ferida de morte.Teu tempo, tua vida, teu corpo, teus ais,teus sonhos tão simples, mas cheios de graça,perdi tudo, amor, à exceção da saudade.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Rompendo Estrelas

Das fronteiras distantes, te acompanhamintrincados segredos da libido,tornando-te sensual e desejada.Hoje escondo a tensão que propiciasteao sistema neurônico impulsivo,rompendo seus limites de luxúria.Serás, ainda amanhã, doce mistério,tomada em rebeldias, cios, tramas.Então, eis porque rompes tuas selvase fico aqui rompendo estrelas tantas,imaginando um verso que consigafazer-te entregue aos meus desejos puros.Rompendo estrelas, sim, rompendo estrelas,sofrendo a inspiração dos teus sussurros!

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Rendas

Oh renda de contrastesnuvens se afogando em ondasondas se afogando em nuvensenquanto o velo de ovelhas tristesnas mãos indóceis dos imperitossonega o cobertor da súplica!Oh renda dos labirintosde ordenações secularesas vozes mandonistassão veias bifurcadas!Não há mais esperançaque dê ao povo certezasOh renda do holocaustodê-me a flautae o cordeiro de lã douradaque me bastarei para semprenunca mais suplicarei!Oh renda dos mistérioscruzei toda a verdademas os conflitos se alteiamDiante dos meus tormentosnão há bengalas nem rumosorientando meu tempoOh renda dos meus anseiossou bom pastorCardaremos um diadas ovelhas do paraísoA lã da Igualdade e da Luz!Oh renda minhanão mate os sonhos!