quinta-feira, 24 de maio de 2007

Colarinhos Das Farças

No metiê dos vagabundos de gravata,entrelaçada em colarinhos engomados,são projetadas engenhocas coruscantes,mostrando o rumo da empreitada criminosaÉ tanta gente misturada neste imbróglio,que se consagra a vestimenta, infelizmente,no retratar a corja afoita da imundícieque se reúne em festivais de podridão.Enquanto a história desenrola o desenlacedas conseqüências desastrosas deste evento,outros eventos mancomunam-se nas horas.Neste roldão de deprimentes soluções,a lavadeira lava a roupa todo o diapara entregar um colarinho limpo às farsas.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Envelhecer: com mel ou fel?


Conheço algumas pessoas que estão envelhecendo mal. Desconfortavelmente. Com uma infelicidade crua na alma. Estão ficando velhas, mas não estão ficando sábias. Um rancor cobre-lhes a pele, a escrita e o gesto. São críticos azedos do mundo. Em vez de críticos, aliás, estão ficando cítricos, sem nenhuma doçura nas palavras.
E alguns desses, no entanto, teriam tudo para ser o contrário: aparentemente tiveram sucesso em suas atividades. Maior até do que mereciam. Portanto, a gente pensa: o que querem? Por que essa bílis ao telefone e nos bares? Por que esse resmungo pelos cantos e esse sarcasmo público que se pensa humor?
Isso está errado. Errado, não porque esteja simplesmente errado, mas porque tais pessoas vivem numa infelicidade abstrusa. E, demais, dever-se-ia envelhecer maciamente. Nunca aos solavancos. Nunca aos trancos e barrancos. Nunca como alguém caindo num abismo e se agarrando nos galhos e pedras, olhando em pânico para o buraco enquanto despenca. Jamais, também, como quem está se afogando, se asfixiando ou morrendo numa câmara de gás.
Envelhecer deveria ser como plainar. Como quem não sofre mais (tanto) com os inevitáveis atritos. Assim como a nave que sai do desgaste da atmosfera e vai entrando noutro astral, e vai silente, gastando quase nenhum combustível, flutuando como uma caravela no mar ou uma cápsula no cosmos.
Os elefantes, por exemplo, envelhecem bem. E olha que é uma tarefa enorme. Não se queixam do peso dos anos, nem da ruga do tempo e, quando percebem a hora da morte, caminham pausadamente para um certo e mesmo lugar – o cemitério dos elefantes, e aí morrem, completamente, com a grandeza existencial só aos grandes permitida.
Os vinhos envelhecem melhor ainda. Ficam ali, nos limites de sua garrafa, na espessura de seu sabor, na adega do prazer. E vão envelhecendo e ganhando vida, envelhecendo e sendo amados, e porque velhos, desejados. Os vinhos envelhecem densamente. E dão prazer.
O problema da velhice também se dá com certos instrumentos. Não me refiro aos que enferrujam pelos cantos, mas a um envelhecimento atuante como o da faca. Nela o corte diário dos dias a vai consumindo. E, no entanto, ela continua afiadíssima, encaixando-se nas mãos da cozinheira como nenhuma faca nova.
Vai ver, a natureza deveria ter feito os homens envelhecerem de modo diferente. Como as facas, digamos, por desgaste sim, mas nunca desgastante. Seria a suave solução: a gente devia ir se gastando, se gastando, se gastando até desaparecer sem dor, como quem, caminhando contra o vento, de repente, se evaporasse. E iam perguntar: cadê fulano? E alguém diria – gastou-se, foi vivendo, vivendo e acabou. Acabou, é claro, sem nenhum gemido ou resmungo.
Isto seria muito diferente de ir envelhecendo por um processo de humilhações sucessivas como essa coisa de ir deixando rins, pulmão e intestinos pelas mesas de cirurgias, numa mutiladora dispersão.
Acho que o que atrapalha alguns maus envelhecedores é a desmesurada projeção que fizeram de si mesmos. Dimensionaram-se equivocadamente. Deveria ser proibido, por algum mecanismo biológico, colocarmos metas acima de nossas forças. Seria a única solução para acabar de vez com a fábula da raposa e as uvas. Assim, a raposa não envelheceria resmungando por não ter devorado o que não lhe pertencia. Deveria, portanto, haver um “relais”, que desligasse nossos impulsos toda vez que quiséssemos saltar obstáculos para os quais não temos músculos. Assim, sofreríamos menos e não amargaríamos não ter tido certas pessoas, conquistado certos reinos, escrito certas obras-primas.
A literatura tem lá seus personagens-símbolos a esse respeito: o Fausto e o Dorian Gray. Apavorados com a velhice e a morte, venderam a alma ao diabo e pediram a juventude de volta. Não deu certo. O diabo não joga para perder. Dizem que a única vez que o diabo foi realmente derrotado foi naquela disputa com Deus a respeito de Jó.
Especialistas vão dizer que envelhece mal o indivíduo que não realizou suas pulsões eróticas essenciais: aquele que deixou coagulada ou oculta uma grande parte de seus desejos. Isso é verdade. Parcial, porém. Pois não se sabe por que estranhos caminhos de sublimação há pessoas que, embora rochas de levar tanta pancada na vida, têm, contudo, um arco-íres na alma.
Bilac dizia que nós deveríamos aprender a envelhecer com as velhas árvores. Walt Whitman tem um poema que diz: “Penso que podia ir viver com os animais que são tão plácidos e bastam-se a si mesmos”.
Ainda agora tirei os olhos do papel e olhei a natureza em torno. Nunca vi o sol se queixar no entardecer. Nem a lua chorar quando amanhece.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Rendas e Teias

Ardência sem conta, minha alma incendeia,meu corpo se alinha à emoção do desejo,meus lábios se aprontam aos múltiplos beijos,enquanto meu sangue borbulha nas veias!O encanto da noite burila a libido,transforma meu corpo em nudez de emoção,prepara o momento onde nula é a razão,ditando os domínios do amor mais sentido.Ao ver-te, o universo se aquieta aos meus ais;meus olhos lacrimam rendidos às ânsias,enquanto tua voz murmurosa me enleia.A sorte é magia; comum dos mortais,enredas-me ao gozo, ao tremor e à fragrânciado teu universo de rendas e teias.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Recordações

Ferrete que trago nos vãos da memória, recordo teus ais misturados às brisas, vivendo o silêncio através das balizasdas noites profundas fadadas à história!Ao êxtase puro que o apego entroniza,no doce mistério da augusta vitória,rompias divina em feliz trajetóriao cosmo sagrado que o amor eterniza!Tua alma, teu cheiro, teu sexo forte, a marca indelével da amante sem freios, tudo isso é lembrança de antigos anseios. Ao canto noturno do azar e da sorte,nós dois revelamos a vida e a mortena entrega dos corpos, sem medo ou rodeios!

terça-feira, 15 de maio de 2007

O Beijo

Guardo teu beijo, terno beijo, na memória.No outono cinza, a despedida, último adeus,como se foras sem deixar-me uma esperançade reviver o teu carinho e os lábios teus!Amargurando o teu partir, restou-me o beijo.Sonho desfeito, nem as folhas esqueceram,no farfalhar, de relembrá-lo nas canções,brincando algures junto às brisas outonais!As estações se sucederam desde então!Alma constrita, olhar perdido no horizonte,dei-me ao letargo dos impulsos lascivosos!Trago a utopia de uma espera que me aturde!Cedo o destino e a vida; ao tempo, entrego a morte,mas na esperança de beijar-te uma outra vez!

sábado, 12 de maio de 2007

Se me amas de verdade

Se me Amas de verdade
não deixes para mostrar este amor depois
pois o depois poderá ser tarde demais..
Se me amas de verdade
Não me digas preocupo-me contigo
mas sim, esteja ao meu lado sempre
pois juntos,deveremos e superamos
as diversidades do dia a dia
Se me amas de verdade
não espere que eu te chame para um passeio
pega-me pelas mãos e faz uma surpresa
me leve para qualquer lugar
pois por mais simples que seja
o mais importante será estar ao teu lado, sempre estar
Se me amas de verdade
se me sentir triste não me digas: NÃO FIQUES ASSIM
brinca,conta -me uma piada
E tentar arrancar aquele sorriso dos meus lábios
me fazendo esquecer pelo menos naquele momento
o que estiver doendo em meu coração
Se me amas de verdade
não me digas: VOU TENTAR O QUE FOR POSSIVEL
mostra-me que estas tentando o impossivel
pois para quem ama o impossivel é pouco
mas sempre vale a intenção
e jamais esquecerei que um dia tu pelo menos tentaste
Se me amas de verdade
não me digas: QUERO TE BEIJAR
corre para os meus braços e me beije loucamente
como se fosse sempre a primeira vez
em que,com ele, tu me enlouqueceste
Se me amas de verdade
não me perguntes: QUER FAZER AMOR COMIGO?
arrasta-me para e contra -ti viraremos um só
encanta-me com todos os teus encantos
ama -me loucamente e me eleva aos céus
e depois repousaremos nas nuvens
Se me amas de verdade
não me digas que um presente não podes comprar
seja la por que circunstância for
mostre simplismente que te lembraste
que aquela data era muito importante para mim
pois ja estar ao teu lado
é o maior presente que recebo de ti diariamente agora
Se me amas de verdade
não me digas simplismente:EU TE AMO
jamais mostre-me este amor apenas com palavras
pois as palavras o vento leva
mostra-me o este amor com toda a tua capacidade de amar
com teus gestos,teus carinhos e principalmente
c0m suas atividades mais inesperada que me surpreende
e até roubam-me algumas lágrimas
lágrimas estas de felicidade pois sentirei sempre em ti
QUE TU ME AMAS DE VRDADE
quanto a mim me da a chance de te mostrar
o tamanho do meu amor por ti
mas não te mostrarei com simples palavras
me entregarei a ti de corpo e alma
porque eu TE AMO DE VERDADE.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Alegria

Alegria e esperança se irmanadas trazendo um bem imenso para quem encarou tempestades, trovoadas, fazendo para a gente tanto bem;eu falo por que sempre procurei a paz nestas palavras, sentimentos,por vezes, sem notar me deparei com estranhas rajadas doutros ventos.No fundo uma esperança se frustrada transforma uma alegria em canto triste.Depois de uma esperança abandonada na vida, quase nada mais existe.Por isso uma alegria cura o tédio;Um coração alegre é um remédio...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

MUDANÇA

Atirei-me aos teus pés feito mendigo a implorar-te migalhas de atenção;humilhaste, porém, meu coração,com teu desprezo rude, vil castigo! Sob o amargo pesar que me vencia,cansado de sofrer de ti opróbios,desisti da carcaça dos micróbiospara fugir da atroz melancolia! Outros nortes me esperam, parto agora,talvez correr por este mundo afora,espicaçando os males que colhi.Não sei de teu futuro, tua aurora; mas enterrei as dores que sofrie terás tu seus ossos só pra ti!

segunda-feira, 7 de maio de 2007

O Dinheiro

Pode comprar uma casa, mas não um lar
Pode comprar uma cama, mas não o sono
Pode comprar um relógio, mas não o tempo
Pode comprar um livro, mas não o conhecimento
Pode comprar um título, mas não o respeito
Pode comprar um médico, mas não a saúde
Pode comprar um sangue, mas não a vida
Pode comprar o sexo, mas não o amor

domingo, 6 de maio de 2007

Lembrança

A emoção da lembrança pouco importa:é resto, é cinza, é tempo remexido,tantas vezes de fato não vivido,que apenas nos ilude e não conforta!Norte desencontrado, onde o sentidorevela-se exaurido e coisa morta,aturdindo a memória e abrindo a portade fatos que se quer ver esquecidos!Rumo incerto, procura indefinida,sonhos vagos percorre o peregrino,perdendo as horas caras do presente!É sorte espúria a espera empedernida,ilusão de veneno diamantinode quem não terá mais o amor ausente!

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Partidaso

adeus é chegado nas sombras da noite.Os sonhos rompidos entregam-se nusà quebra fatal de banais juramentos.O agora é vazio, sem beijos, sem juras;apenas o vinho desarma pesares.Há dor no silêncio tingido de luto,enquanto os minutos do encontro fugazligeiros preparam tristezas e adeuses.O norte dos passos será diferente.O canto distante do amor sem parceiroserá chama fria ao desejo isolado.Eis a despedida ao furor dos amargos,perdidos os sonhos, abraços, canções.O olhar embaçado, tisnado de cinzas,acena ao romper doloroso e sem volta.E quando o amanhã for aurora, for luz,memórias de um tempo estarão no exercícioda mais compungente e ferina saudade.